EUA
CINEMA SÃO JORGE
24 de Maio às 21h30
Terça
Documentário, 60m, 1993
Idioma: inglês, sem legendagem
Documentário, 60m, 1993
Idioma: inglês, sem legendagem
Realização, argumento e produção: Dan Bessie Edição: Helen Garvy Produtora: Shire Films Música: Forman Brown Com: Elsa Lanchester, Forman Brown, Harry Burnett, Lotte Goslar, Odetta e as marionetas de Harry Burnett: Charlie Chaplin, Gary Cooper, Greta Garbo, Albert Einstein, Martha Graham, Helen Hayes, Adolph Hitler, Hedda Hopper, The Marx Brothers, Benito Mussolini, Eleanor Rosevelt, entre muitos outros…
Após a projecção do filme seguir-se-á uma conversa com Dan Bessie, realizador e autor do documentário.
“Eu era viciado. Não, isto não é forte o suficiente. Eu apaixonei-me perdidamente pelo teatro, pela forma como era criado, pela forma como era escrito e pela forma como era representado… Como eram especiais aquelas noites e como eram queridos aqueles artistas… Se pudesse ter mais um desejo nesta altura da minha vida, seria que alguém me colocasse numa máquina do tempo e me enviasse de novo para 1946… para cantar a palavra mágica ‘Turnabout’ e ver todos os meus velhos amigos a manipularem os fios ou ouvir Elsa… Por uma noite como esta eu pagava qualquer preço… O meu único lamento é que não tenham as minhas memórias…”.
Ray Bradbury, 19 de Abril de 1980, prefácio do libro “Small Wonder: the Story
of the Yale Puppeteers and the Turnabout Theatre”
“Trata-se de marionetas. Podem pensar que não vão gostar, mas vão”.
Clifton Fadiman
Um documentário histórico e comovente que recorda a vida de três artistas, Forman Brown, Harry Burnett e Roddy Brandon, que fazem parte da história do teatro americano e, muito em especial do teatro de marionetas. Foram fundadores do Turnabout Theater, uma verdadeira instituição de Hollywood, que funcionou entre 1941 e 1956.
Mais do que um documentário sobre três homens gays e a sua carreira de cinquenta anos como artistas, “Turnabout” é uma celebração da diversidade e da vontade de fazerem o que queriam, numa época em que a maioria dos gays, estava ainda ‘no armário’ ou mantinha a sua vida íntima em segredo.
Mas se pensam que “Turnabout” é apenas dirigido a um nicho de público, estão enganados. É um filme de família que é extremamente abrangente, é a apaixonante e verdadeira história de Harry Burnett, Forman Brown e Roddy Brandon, os Yale Puppeteers que viajaram pela América durante setenta anos, com as suas marionetas únicas e canções satíricas. Um maravilhoso e nostálgico filme que nos leva de volta para o teatro de cabaré de Hollywood, quando as suas marionetas deslumbraram estrelas como Greta Garbo, Charlie Chaplin, Bette Davis ou Albert Einstein, entre muitos outros. As suas marionetas participaram também no filme “I am Suzanne” (1933), com Lilian Harvey, Gene Raymond e Leslie Banks. “Turnabout” também revela Forman Brown como autor de “Better Angel”, considerado um dos primeiros romances de temática gay que aborda este universo de uma forma positiva, escrito em 1933, sob o pseudónimo de Richard Meeker. Quando o documentário foi realizado tanto Forman Brown como Harry Burnett tinham 92 anos, mas a energia e criatividades que demonstram são impressionantes.
Um documentário galardoado que combina uma pesquisa meticulosa, entrevistas convincentes e divertidas, para além de alegres canções. “Turnabout” dirige-se a todos os que se interessam por marionetas, teatro, relações ou outros aspectos pouco conhecidos da temática gay. De interesse especial para professores, marionetistas, estudantes universitários ou por quem se interessa por arte.
Declarações do realizador sobre o filme
“Na minha juventude ao crescer com as anedotas homofóbicas tão comuns na época, soube pela minha mãe que o seu irmão Harry e os seus colegas, Forman e Roddy, eram gays. Embora na sua maioria estivessem confinados a um mundo tenebroso de escárnio, de insinuações e, por vezes, de uma forte hostilidade, eles também eram tolerados pelo simples facto de serem artistas.
Claro que os artistas eram ‘sensíveis’ e ‘criativos’, por isso ser ‘gay’ era ‘OK’, para além de ser algo de que raramente se falava. Francamente, eu odiava esta situação e sempre esperei ansiosamente pelo dia em que poderia ajudar a rectificá-la.
Conforme fui conhecendo o meu tio Harry e os seus colegas, durante a minha meia-idade, aprendendo mais sobre as suas vidas pessoais e os seus antecedentes como marionetistas, apercebi-me que era uma oportunidade única para dar a conhecer estes homens notáveis. Não apenas como membros da minha família. Não apenas, porque eu os admirava e gostava deles, mas por causa da enorme e valiosa contribuição que tinham dado à vida cultural americana, e como foram exemplos notáveis do que a palavra “família” pode significar. Pela lealdade e união que demonstraram, Harry, Roddy e Forman, como artistas ou pessoas, serviram como mais um elo na longa luta de reconhecermos a profunda humanidade e imensas possibilidades inerentes ao ser humano. “Turnabout” é a minha contribuição para trazer esse dia para mais perto”.
Dan Bessie - Realizador
“Uma história emocionante…”.
San Francisco Examiner
“Um relato deslumbrante…”.
Los Angeles Times
“Uma fatia encantadora da vida do Teatro Americano…”.
Variety
BIO
Dan Bessie pertence a uma família americana bastante carismática. O seu pai, Alvah Bessie, fez parte da lista negra dos Dez de Hollywood e chegou a estar preso dez meses. O seu tio era Leo Burnett, publicitário e executivo, bastante famoso por ter criado ícones como “Marlboro Man” e “Tony the Tiger”, que chegou a ser eleito pela Times como uma das pessoas mais influentes do século XX. Três marionetistas gay, um ornitólogo de renome, um holandês que serviu durante a Guerra Civil Americana num regimento de negros… e estes são só alguns exemplos. Dan Bessie, para além deste documentário, escreveu o livro “Rare Birds”, aclamado pela crítica, sobre as memórias da sua singular família.
Dan Bessie começou a sua carreira cinematográfica em 1956, no departamento de animação da Metro-Goldwyn-Mayer (MGM), a trabalhar nos desenhos animados “Tom & Jerry”. Mais tarde e depois de trabalhos como freelancer, contribuiu para várias séries televisivas de desenhos animados como “Spiderman”, “Lineus the Lionhearted”, e “Mr. McGoo”. Mais tarde dedicou-se também a filmes educativos. Escreveu, produziu e/ou realizou mais de cento e vinte e cinco títulos, e ganhou vários prémios.
Em 1973 co-produziu “Executive Action”, com Burt Lancaster, um filme sobre o assassinato de John F. Kennedy. De 1979 até 1995 foi um dos sócios da Shire Films (Santa Cruz, Califórnia), escreveu e dirigiu a longa-metragem “Hard Traveling" (New World Pictures, 1986), o documentário “Turnabout: the Story of the Yale Puppeteers” (PBS,1993), para além de “Peter and the Wolf”, “The Ugly Duckling” e “Beware the Jabberwock” (todos incluem a participação de Ray Bolger), que foram transmitidos pelos canais CBS, HBO, Showtime e Disney Channel. Autor do livro de memórias sobre a sua família, “Rare Birds” (aclamado pela crítica no New York Times, Publishers Weekly, entre outros) e após ter dado aulas de escrita de argumento e de escrita criativa na Califórnia durante vinte anos, escreveu as suas memória de carreira no cinema “Reeling Through Hollywood” (Blue Lupin Press, 2006), onde descreve os seus 40 anos a trabalhar na indústria cinematográfica. Dan Bessie é crítico e consultor de argumentos para cinema e livros, para além de continuar a desenvolver diversos trabalhos como escritor, ilustrador e cartoonista. Vive actualmente em França, com a sua mulher Jeanne Johnson, também escritora.
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