Teatro de Marionetas do Porto   
Portugal

Capuchinho Vermelho XXX
MUSEU DA MARIONETA
17 e 18 de Maio às 21h30
Terça e Quarta



Encenação: João Paulo Seara Cardoso Interpretação: Sérgio Rolo Técnica: Teatro de objectos Público-alvo: M/12 Duração: 40 minutos Idioma: Sem palavras



Uma experiência de animação de objectos numa desconcertante adaptação à cena de “Capuchinho Vermelho”. Rigorosamente para adultos com sólida formação moral.

“Gostamos de desafios, e voltar ao Capuchinho Vermelho, criado em 89 pelo João Paulo, agora nesta nova versão é mergulhar nesse universo delirante e hard-core tão peculiar e divertido onde os objectos se transformam em marionetas comestíveis. O Sérgio Rolo é o mergulhador eleito, toda a sua história na companhia confirma esta escolha.
Estrear esta versão no FIMFA é um duplo prazer: arriscar e partilhar.”
Isabel Barros

Para o FIMFA é um orgulho poder homenagear este grande criador português, prematuramente desaparecido. Sempre que foi possível contámos com a presença dos espectáculos do João Paulo e, em 2008, quando apresentou o “Capuchinho Vermelho XXX” no FIMFA, assinalavam-se os vinte anos do Teatro de Marionetas do Porto. Nós gostamos também muito deste espectáculo e pensamos que é um privilégio voltar a apresentar esta criação do João Paulo, agora com o Sérgio Rolo no seu papel. A não perder!








“Uma espécie de vertigem visual onde pensamos reconhecer Tex Avery ou Chaplin. É o delírio!”

L’Ardenais


Será que já reparou que O Capuchinho Vermelho é uma história onde só se fala de comer? Um saboroso espectáculo de teatro de objectos (perecíveis)… criado por João Paulo Seara Cardoso (1956-2010) e agora apresentado numa nova versão, interpretada por Sérgio Rolo.

Tudo começa, tranquilamente, sobre a toalha plástica de uma mesa de cozinha um pouco antes da hora do jantar, até ao momento em que… a hortaliça espalhada sobre a mesa se transforma numa floresta.

A partir daí o universo balança, os espaços vacilam, os tempos mudam e assistimos petrificados à metamorfose culinária do conto, numa sequência de gestos e imagens vertiginosas. A personagem, um burocrata tímido, lívido, deixa-se levar, no espaço apertado da sua cozinha, por um saboroso delírio de invenções surrealistas.

É um espectáculo hilariante, efémero como uma boa refeição, mas do qual nos recordaremos durante muito tempo... Um Capuchinho hard-core..

“...No espectáculo que vi em Redondela, um monstro da cena portuguesa, João Paulo Seara Cardoso, disfarçado de ex-agente da PIDE com dificuldades económicas, contava a história do Capuchinho Vermelho dum modo paranóico, servindo-se para as suas manipulações marionetísticas de produtos alimentares que trazia num saco de supermercado. A avó era um chouriço regional, o Capuchinho uma salchicha e o lobo um frango, que se chamava Francisco Frango. O conto já se sabe como acaba, o frango é recheado com os embutidos. A arte de João Paulo para dar vida àqueles objectos era fascinante, manipulava melhor do que os mass-media. Era tão bonito que eu, mal-agradecido, pensei num paralelismo entre a política e as marionetas”.

Quico Cadaval, Vieiros Galicia



BIO
O Teatro de Marionetas do Porto constitui-se em Setembro de 1988, uma data simbólica que coincide com a apresentação da companhia na selecção oficial do Festival Mondial des Théâtres de Marionnettes, em Charleville-Mézières.
O reportório da companhia começa por integrar o “Teatro Dom Roberto”, fantoches da tradição portuguesa, que João Paulo Seara Cardoso (1956-2010) herdara das mãos de Mestre António Dias, ultimo representante da geração de bonecreiros itinerantes, em 1980.
O TMP alcança um certo reconhecimento público com a estreia de “Miséria”, em 1991, espectáculo muito bem acolhido pelos espectadores e pela crítica, e que representa também o primeiro apoio financeiro do estado à actividade da companhia.
Testadas algumas fórmulas de teatro popular, inicia-se um novo ciclo radicalmente diferente na história do grupo. Várias experiências em busca de uma certa contemporaneidade do teatro de marionetas têm início com “3ª Estação” que ensaia o cruzamento das marionetas com a dança. Mais tarde, “Exit” (1998), a primeira peça do denominado ciclo urbano, no qual se procura uma reflexão sobre a condição humana pós-moderna, e no qual o teatro de marionetas é contaminado por outras linguagens artísticas como a música, o vídeo, a dança e as artes plásticas assumindo uma dimensão mais performativa, marca definitivamente o assumir de um caminho de risco. Registe-se ainda, nesta fase, a importante participação do TMP no evento “peregrinação” da Expo 98, com “Máquina-Homem/Clone- Fighters”.
Os espectáculos dirigidos a um público infanto-juvenil passam a integrar a produção anual da companhia, sempre com base em textos originais posteriormente editados em livro.
É, pois, na segunda metade dos anos noventa que se regista uma forte consolidação do seu projecto artístico. A corrente de público portuense alarga-se consideravelmente, obrigando a companhia a abandonar o pequeno teatro de Belomonte e a procurar outros espaços de maior dimensão na cidade. O TMP adquire definitivamente uma projecção internacional que o leva a apresentar-se regularmente na Europa e em diversos países do mundo (Espanha, França, Irlanda, Bélgica, Holanda, Áustria, Suíça, Itália, Israel, Brasil, Polónia, Cabo Verde, Inglaterra, Marrocos, China, República Checa, Canadá e Alemanha). E cria uma rede de parceiros de programação em Portugal que faz com que, actualmente, cerca de 30% da actividade se desenvolva em itinerância.
É neste contexto e com uma linha programática consolidada, que o TMP desenvolve a sua actividade a partir do início do novo século. Alguns espectáculos marcam esta fase: “Nada ou o Silêncio de Beckett”, a produção apresentada mais vezes no estrangeiro, “Macbeth”, uma importante experiência de teatro de texto, “Paisagem Azul com Automóveis”, co-produção Porto 2001 e TNSJ e “Cabaret Molotov”, uma incursão no universo do circo e do cabaret.
Actualmente, o TMP está empenhado num importante projecto: a abertura do Museu de Marionetas do Porto, que ficará sedeado no centro histórico da cidade e que constituirá uma mostra pública do importante acervo reunido ao longo dos anos.

“Um percurso que continuamos a trilhar com certezas e incertezas na convicção de que o teatro é o nosso testemunho em relação à forma como sentimos o mundo e que da partilha dos nossos sonhos e inquietações com o público se dá sentido ao acto teatral”.
João Paulo Seara Cardoso

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