FIMFA Lx11 | Destaques

No Museu da Marioneta decorrerá a abertura do festival com um espectáculo não convencional, só para trinta e cinco pessoas de cada vez, que vai alterar as nossas percepções e transformar por completo a sala de espectáculos. Um espectáculo-instalação da jovem companhia francesa Théâtre de de l’Entrouvert que nos levará por um percurso fascinante à ‘luz das velas’, onde seremos surpreendidos por marionetas, silhuetas, imagens, reflexos… e pela beleza poética deste trabalho peculiar.

Os ingleses Whalley Range All Stars, bem conhecidos do público do FIMFA, pelas suas fantásticas criações que colocam elementos maiores do que o normal fora do seu contexto e, desta vez, poderemos ver o que se passa na mente de uma cabeça gigante…

Em homenagem a João Paulo Seara Cardoso (1956-2010) o Teatro de Marionetas do Porto estreia uma nova versão do "Capuchinho Vermelho XXX", agora com interpretação de Sérgio Rolo. Um universo delirante e hard-core que é uma verdadeira pérola do teatro de objectos.

A nova companhia norueguesa TinkerTing apresenta um trabalho plasticamente arrojado, fruto da sua colaboração com os ingleses Pickled Image, com marionetas que vão ficar na nossa memória, num ambiente visual e sonoro criado a partir do livro “Hunger” do controverso escritor norueguês Knut Hamson, galardoado com um Prémio Nobel.

O novo projecto do grupo finlandês WHS, da autoria de Kalle Hakkarainen, que surpreendeu o ano passado, com a mestria do seu trabalho na correlação entre imagens reais e virtuais, vai deixar-nos atónitos e completamente boquiabertos com o seu espectáculo que nos lembra o mundo surreal de David Lynch, numa sincronização perfeita com o vídeo, os últimos momentos do embate de um carro e a dilatação que produz no corpo e na matéria, depois deste choque. É magia ‘nova’: imagens estáticas ou em câmara lenta que julgávamos só serem possíveis de visualizar em cinema, decorrem agora no palco à nossa frente… e o ambiente sonoro de Samuli Kosminen, entrelaça-se neste universo de experimentação.

A companhia belga Chemins de Terre regressa ao FIMFA com a sua célebre personagem Richard, le Polichineur, mas desta vez encarna um professor de literatura, que nos oferecerá um curso sob a forma de marionetas-objectos-vegetais, onde vamos conhecer numa hora três peças de Shakespeare, “Ricardo III”, “Romeu e Julieta” e “Hamlet”, como nunca pensámos ser possível: “Hamlet” é interpretado com papéis, “Romeu e Julieta” com tecidos, “Ricardo III” com carne de porco… humor louco, impertinente, irreverente e… uma máscara de bife cru muito credível. Incrédulos? A não perder!

O original projecto dos holandeses Babok, apenas para doze pessoas de cada vez, colocará o público a cerca de dois metros do chão e, num mundo em miniatura, são abordados os efeitos do tempo e dos desastres naturais, a necessidade de mantermos a nossa cabeça fresca e seca numa época de rápidas mudanças climáticas. Uma experiência que enriquecerá os nossos sentidos e nos fará pensar…

Os alemães Thalias Kompagnons maravilharam pequenos e graúdos em 2009 com a sua pintura ao vivo e o seu novo trabalho neste universo, inspirado no “Soldadinho de Chumbo” de Hans Christian Andersen, consegue ser ainda mais especial.

Madalena Victorino apresenta um novo trabalho poético sobre uma cidade invisível, com objectos e dança, que se transforma num gabinete de maravilhas que bailarinos transportam nas bandejas dos seus corpos.

A companhia portuense Teatro de Ferro viaja até ao FIMFA com o seu novo trabalho, “Pandora” e abre a caixa das possibilidades ‘quase não concretizadas’ e das ideias que não veriam a luz do dia se a curiosidade não fosse também uma arte.


No Teatro Maria Matos apresentamos criações que incidem no reaproveitamento de materiais, objectos em cena, seja na música, na dança ou no novo circo e, por outro lado, a abordagem de temas controversos. A presença da companhia de Gisèle Vienne e o espectáculo “Jerk” era algo que o FIMFA desejava apresentar há já algum tempo ao público lisboeta. Um espectáculo arrepiante, polémico, no limiar do suportável, com uma interpretação fenomenal de Jonathan Capdevielle e texto de Dennis Cooper, sobre o universo de um serial killer, que não deixará ninguém indiferente e que não aconselhamos a pessoas sensíveis…

Jéranium & Man’hu voltam com o seu carismático projecto poético em tornos dos objectos e da música, com um concerto-instalação que nos fará sonhar com aquelas máquinas sonoras e sensíveis.
Ainda dentro do campo da música mecânica, o concerto dos CaboSanRoque marca outro grande momento, e revela como a reutilização e transformação de maquinaria e de objectos podem produzir música. Neste caso, o equipamento de uma antiga fábrica de bolachas foi utilizado para a construção de uma orquestra mecânica completa. Pistões, electroválvulas, roldanas, motores e tapetes rolantes que passaram os últimos vinte e cinco anos a produzir bolachas, foram recombinados para construírem uma nova fábrica, agora destinada à produção de música. Os músicos são os novos operários.

Camille Boitel, considerado um génio na arte do teatro de objectos e do novo circo apresenta “L’Immédiat”, uma reflexão sobre a fragilidade humana, que nos remete também para o universo do cinema mudo. o palco está coberto de centenas de objectos espalhados desordenadamente, por onde as personagens tentam traçar o seu caminho através de um cenário caótico à medida que tudo desaba e desmorona ao seu redor.


No Teatro Nacional D. Maria II um dos maiores destaques do festival, a ópera “A Flauta Mágica”, encenada pela companhia alemã Thalias Kompagnons, mas esta é uma encenação sui generis, com marionetas, cenários de papel, projecções, um contratenor e uma orquestra, composta por oito músicos em palco, um contratenor fantástico que consegue interpretar todos os papéis de uma forma magistral e dois marionetistas que, com grande virtuosismo, manipulam marionetas num plano horizontal e cujas imagens são projectadas num grande ecrã. Imperdível!


No Cinema São Jorge a apresentação pela primeira vez em Lisboa do documentário Turnabout: The Story of the Yale Puppeteers, que contará com a presença do realizador Dan Bessie. Um documentário histórico e comovente que recorda a vida de três artistas gay, Forman Brown, Harry Burnett e Roddy Brandon, que fazem parte da história do teatro americano e, muito em especial do teatro de marionetas. Viajaram pela América, durante setenta anos, com as suas marionetas únicas e canções satíricas e foram fundadores do Turnabout Theater, uma verdadeira instituição de Hollywood. Entre os seus fãs e espectadores estavam Greta Garbo, Charlie Chaplin, Albert Einstein, para além de muitos outros. Mais do que um documentário sobre estes três homens e a sua carreira de cinquenta anos como artistas e marionetistas, é uma celebração da diversidade e da vontade de fazerem o que queriam. O próprio Dan Bessie, sobrinho de um destes artistas, fez a sua carreira em Hollywood e no campo da animação trabalhou nos estúdios da MGM e em desenhos animados históricos como “Tom & Jerry”, “Spiderman” ouMr. McGoo”.


No Centro Cultural de Belém apresentamos dois projectos dirigidos aos mais pequenos. A Cie Lili Désastres apresenta uma criação dedicada aos mais pequeninos, mas os adultos também vão gostar de viver aqueles momentos de uma outra forma. Um espectáculo mágico, doce, de descoberta, com extractos de "Ursonate", sonata de sons primitivos de Kurt Schwitters.

O cantor e compositor Etienne Borgers cria novas linguagens através de sons, o seu espectáculo “Cool Frogs” tem o som de doces violinos, vozes estranhas, sons curiosos, olhos espantados, balões vermelhos e… muitos sapos! Situações loucas para nos fazer rir, ficar ansiosos, zangados, tristes e muito felizes!


No CAMa - Centro de Artes da Marionetas podemos ver projectos experimentais de pequenas formas. Laurent Bigot volta ao FIMFA com o seu “Petit Cirque”. Uma oportunidade única, a não perder, de ver ou rever esta pequena pérola que junta música e objectos. Mischa Twitchin, reputado dramaturgo, criador, professor universitário e membro fundador do colectivo de teatro alternativo londrino ‘Shunt’, apresenta o díptico “The Children’s Emperor & The Pianist”, uma performance belíssima sobre o poder das imagens, música e texto, sobre Wladyslaw Szpilman e Janusz Korczak.

O Projecto Embrião, uma iniciativa do CAMa, estreia um conjunto de pequenas formas realizadas por jovens artistas portugueses, criadas exclusivamente para o festival e com o apoio do FIMFA, trabalhos experimentais em torno do teatro de objectos e das formas animadas.


Nas ruas de Lisboa a tradição portuguesa do Teatro Dom Roberto vai encantar miúdos e graúdos com a sua rebeldia, pauladas e proezas pelas mãos de Raul Constante Pereira e seremos todos surpreendidos pelos Flying Buttresses, e o seu querido casal Hodman Dodmanott e Sally Forth, marionetas interactivas e encantadoras, que viveram sozinhas durante centenas de anos, sem conhecerem as mudanças no mundo e estão muito curiosos por descobrir como vivem os lisboetas…

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